Quem ganhou em Cannes? Sem dúvida, o Brasil

No Palais, nas ruas e nas festas: o Cannes Lions deste ano está sendo dominado pelo entusiasmo da delegação brasileira. Tantos quilômetros de distância não apagaram o entusiasmo do país carioca pela criatividade e sua celebração mundial

Texto traduzido e publicado originalmente no site do veículo italiano, La Gazzeta Del Publicitario.

Distante, mas próximo. Entre Cannes e São Paulo, no Brasil, são 9.254 quilômetros, mas o entusiasmo brasileiro pelo Lions é capaz de zerá-los. Na percepção popular do evento, há países muito mais próximos da França (como Itália ou Alemanha) que, paradoxalmente, vivenciam os Prêmios e todo o seu entorno com muito menos entusiasmo. Para entender como o verde e o dourado são as cores vivas do Festival, basta visitar o Palais, mas não só. Das ruas à Sala de Imprensa, passando pelos rugidos no teatro Lumiere durante a cerimônia de premiação: tudo serve para trazer as cores verde e dourada para as elegantes ruas da Côte d’Azur. Uma onda de puro entusiasmo popular também foi o resultado da participação maciça entre os participantes, com 2.037 criações enviadas. A pequena praça em frente ao bar 72 Croisette, por exemplo, é transformada à noite em um barulhento e divertido enclave carioca.

Milhares de inscrições e expectativa para o evento

Entender essa forma de vivenciar o Cannes Lions do outro lado do oceano não é difícil. Basta nos juntarmos aos nossos vizinhos de mesa na Sala de Imprensa do Palais de Festival: uma incansável equipe de São Paulo que, entre o rádio e a televisão, passa constantemente de um microfone a outro para uma cobertura quase totalizante. Conversamos com Victoria Ranieri (Conteúdo Editorial do Reclame) e Marcelo Tripoli (Fundador e CEO da Zmes, além de jurado da Categoria Inovação), que também têm óbvias origens italianas. “Originalmente famílias toscanas”, eles riem, “por isso estamos particularmente felizes em falar ao seu país que tanto amamos. Terminadas as cordialidades, entramos no medias res: ‘A criatividade no Brasil desempenha um papel muito importante e é capaz de despertar grande interesse. A presença maciça de inscrições para o Brasil ajuda a divulgar o evento, muitas vezes envolvendo o setor de agências e todos os envolvidos com criatividade de uma forma abrangente. É também um momento de comparação entre as excelências e o anúncio de novas tendências. É também um evento muito aguardado, além dos prêmios ou das comemorações para nossos criativos que ganham Grand Prix, medalhas de ouro, prata ou bronze”.

Marcelo Tripoli e Victoria Ranieri na sala de imprensa do Cannes Lions 2023.

O interesse dos jornais generalistas brasileiros

Tanta atenção determina, em cascata, uma ampla presença de operadores de mídia brasileiros. Não apenas os candidatos, portanto, mas também jornalistas, operadores, produtores e técnicos embarcaram nos aviões. “O maior interesse”, confirmam Ranieri e Tripoli, “é das publicações do setor vertical. O impacto na imprensa generalista é, obviamente, menor”. No entanto, é bom lembrar que menor não significa zero, pois há grandes jornais nacionais que dedicam uma página por dia ao Cannes Lions. “É o caso de O Estado de S. Paulo, que tem uma parceria muito estreita com o Festival, levando muitos profissionais para a França”. Uma sinergia que se concretiza em um site dedicado a contar a história do Cannes Lions do ponto de vista brasileiro, com um historiador. “Além disso, no jornal impresso, a atualização é regular. Em termos muito práticos, a diferença de horário também joga a favor, pois a cerimônia de premiação termina em Cannes quando são 17 horas em São Paulo. A tempo de garantir todo tipo de cobertura aprofundada. Ao todo, são 21 publicações brasileiras presentes em Cannes acompanhando o Festival: cerca de cinco vezes a presença italiana.

A terceira força mundial depois dos EUA e do Reino Unido

A estreita relação entre o Brasil e o Cannes Lions, no entanto, não é novidade, já que o país verde tem ficado quase constantemente em terceiro lugar no quadro de medalhas do Cannes Lions nos últimos 20 anos, atrás dos gigantes EUA e Reino Unido. Mesmo em 2013 e 2014, o país ficou em segundo lugar, atrás apenas dos EUA. Em termos numéricos, o número recorde de prêmios foi estabelecido em 2013, com 115 Leões. Na última edição, em 2022, foram 70 prêmios, e o ritmo parece muito bom este ano também. “A indústria criativa brasileira vive esse momento como um tradicional balanço de seu estado de saúde em relação ao resto do mundo. É também um momento de grande mistura e crescimento. E sim, uma celebração. Com certeza.

Até breve!

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