Índice de digitalização do brasileiro exige um novo manual das marcas

População é a terceira que passa mais tempo conectada no mundo, 97% dos conectados usam a rede diariamente e 56% já compram online

Em apenas 10 anos, a penetração da internet na América do Sul foi de 36%* para 75%. O salto na região pode ser visto também em outros locais do mundo. Os dados estão nos relatórios Digital 2012 (*considerando América Central) e Digital 2022. Este último relatório, divulgado há algumas semanas, reforça a relevância da economia mobile com o gasto anual do consumidor em aplicativos móveis chegando a US$ 170 bilhões em 2021.

Recortando para o Brasil, o país foi de 54% de penetração em 2015 (primeiro ano com relatório específico do país) para 77% em 2022, um pouco acima da média da região. E este não é o único número que destaca o país. Os brasileiros formam a terceira população que passa mais tempo conectada na internet: são 10,19 horas contra 6,58 horas da média global. Em tempo conectado, o Brasil só perde para África do Sul e Filipinas.

Ainda segundo o relatório Digital 2022, o ano começou com 214,7 milhões de pessoas no Brasil, sendo 165,3 milhões usuários da internet, o que significa aumento 5,3 mi (3,3%) desde 2021. Essa pré-disposição do brasileiro para o mundo digital ganha contornos mais fortes quando o foco é conexão móvel. Dados da GSMA Intelligence indicam 224,9 milhões de conexões móveis no Brasil, um aumento de 12 milhões (+5,6%) desde 2021. De acordo com a empresa, isso representa 105% da população brasileira, uma vez que muitas pessoas têm mais de um aparelho.

Já o eMarketer aponta que o Brasil tem 149,2 milhões de usuários mobile e deve chegar a quase 156 milhões em 2026. Acompanhando esse movimento, a empresa de inteligência sugere um crescimento de US$ 7,39 para US$ 19,07 bilhões de anúncios na plataforma. A variação anual, no entanto, vai diminuindo.

A empresa também estima crescimento em pontos como uso de smartphones e adoção de plataformas sociais como Instagram, WhatsApp, Facebook e TikTok, sendo este último o de maior variação positiva.

Um país já social

Outro dado do Digital Report 2022 sinaliza que no Brasil há 171,5 milhões de usuários de redes sociais, o equivalente a 79% da população, sem considerar usuários únicos, já que uma pessoa pode manter mais de uma presença ativa na mesma plataforma ou representar entidades “não humanas”, incluindo animais de estimação; figuras históricas; empresas, interesses e causas, grupos e organizações; locais de interesse; etc. Ainda assim, o material sugere que o número de usuários de redes sociais aumentou 21 milhões (14,3%) desde 2021.

De acordo com o material, o YouTube tem 138 milhões de usuários. Em seguida aparecem Instagram (119,5 mi), Facebook (116 mi), TikTok (74,07 mi), LinkedIn (52 mi), Pinterest (27 mi) e Twitter (19,05 mi).

A quantidade de redes usadas pela população brasileira também chama atenção: cerca 8,7 redes sociais por mês, com um tempo média de 3,41 horas conectado por dia em alguma delas.

Reforçando a expectativa do eMarketer, que estima maior crescimento do TikTok, o relatório também mostra como a plataforma de vídeos saltou na preferência do brasileiro, passando Instagram e Facebook em horas consumidas.

Praticidade e descoberta das marcas

Além do expressivo uso de redes sociais para entretenimento e relacionamento, os estudos sugerem um avanço na digitalização também para outros serviços e conveniências.

Segundo o Digital 2022, 46,8% dos usuários de internet com idade de 16 a 64 anos usam serviços financeiros online mensalmente. Isso coloca o Brasil na quarta posição, atrás de Canadá (47,4%), Suíça (48,2%) e África do Sul (51,5%), enquanto a média global é de 28,8%. Outro ponto importante é que chegou a 114,8 milhões o número de pessoas fazendo pagamentos digitais, um crescimento de 9,3% em relação ao ano passado.

Além disso, o Brasil é o 6º país (22,8%) em uso de assistentes de voz semanalmente, o 2º (49,4%) em uso mensal do reconhecimento de imagens no mobile mensalmente e também o 2º (53,7%) no uso semanal de ferramentas de tradução. A média global para cada caso é de 24,1% (4º), 29,5% (14º) e 31,9% (29º).

Serviços para o cidadão

Outro sinal desse avanço também pode ser visto em pesquisas como a feita pelo Banco Mundial, que avaliou o Brasil como o sétimo país com a mais alta maturidade em governo digital no mundo. O resultado divulgado em setembro de 2021 considera o status da transformação digital do serviço público em 198 economias mundiais. Segundo a agência Brasil, o país foi destaque em soluções digitais de impacto massivo, como auxílio emergencial, Meu INSS, seguro-desemprego, carteiras digitais de trabalho e o Pix.

Já em 2020, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) classificou o Brasil na 16ª posição na primeira edição do Índice de Governo Digital. O ranking, que considera 33 países do bloco e alguns convidados, analisou dados de 2019 e indicou o Brasil superando nações como Alemanha, Áustria e Irlanda.

De acordo com o Valor Econômico, a pesquisa mediu os desempenhos dos países em dimensões como orientado pelo usuário, orientado por dados, digital por design e governo como plataforma.

As mudanças também são vistas no mais simples do dia a dia, como o consumo de bens não duráveis. Em 2021, fizemos o estudo “Digitalização das FMCGs”, com a participação de executivos de empresas Fast Moving Consumer Goods, além de uma base de consumidores no Brasil.

Partindo da pergunta “Como o comportamento digital tem transformado a comunicação e as vendas de produtos de consumo não duráveis?”, o material aponta, por exemplo, que 55% do investimento está no digital e o recall para consumidor entre meios é o mesmo, o que evidencia a maturidade da comunicação online.

Entre os canais mais utilizados pelas empresas ouvidas estão o Instagram (100%), Facebook (100%), YouTube (95%), Influenciadores (95%) e TikTok (64%).

Ao falar de categorias, cinco das seis pesquisadas têm as redes sociais apontada como principal forma dos consumidores conhecerem novos produtos. As plataformas digitais aparecem à frente de TV, recomendação de amigos e banners em site nas categorias Snacks (24%), Bebidas alcoólicas (20%), Bebidas não alcóolicas (21%) e Cuidados pessoais (25%).

A pesquisa também indicou que 60% dos consumidores têm potencial de mudar o hábito de compra (marcas/produtos) influenciados pela comunicação digital. Na hipótese “Vejo novidades sobre o uso ou benefícios, e com isso fico motivado a variar de marca”, 54% disseram que sim na categoria Bebidas alcoólicas, 50% em Alimentos, 49% em Cuidados pessoais, 48% em Cuidados com a casa, 46% em Bebidas não aclcoólicas e 42% em Snacks.

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