Relatório do Estado da Mídia da Cision revela que 91% dos jornalistas acreditam que o público perdeu a confiança na mídia nos últimos três anos. Além disso, estudo da CivicScience revelou que 70% dos usuários do TikTok demonstravam preocupação com a desinformação em torno da pandemia
Na internet, todo mundo pode ser um influenciador. São blogueiros, produtores de conteúdo em texto e vídeo, editores e anunciantes que liberam, diariamente, toneladas e mais toneladas de conteúdo, que podem ou não ser fake news.
O público, exposto a uma série de fontes de informação (e desinformação, constantemente) acaba por não conseguir consumir tudo e lê apenas superficialmente os conteúdos. Ou apenas os títulos sensacionalistas de posts em redes sociais. É aí que uma das fake news podem começar a ganhar força. E nem as marcas escapam de cair no poço sem fundo da criação de conteúdo falso ou sem embasamento científico.
Recentemente, nos Estados Unidos, foi proposta uma nova legislação que reduziria a proteção de responsabilidade da Seção 230 em casos de empresas de tecnologia que colaboraram, em algum grau, para espalhar desinformação, especialmente em temas que envolviam a pandemia.
No decorrer da leitura de hoje, vamos falar mais sobre as notícias falsas que prejudicam tanto a reputação da marca quanto as levam a ser punidas com severidade pela lei. Ao final do texto, vamos oferecer insights para tentar se livrar da armadilha de publicar um conteúdo falso, mesmo involuntariamente.
Fake news e reputação
De acordo com o Relatório do Estado da Mídia da Cision, jornalistas disseram que reconquistar a confiança em meio ao aumento da desinformação e notícias falsas é um dos maiores desafios que a mídia enfrenta em 2021. Ainda segundo o relatório, 91% dos jornalistas ressaltaram que o público perdeu a confiança na mídia nos últimos três anos.
Durante a pandemia, os usuários de redes sociais expressaram preocupação com a desinformação em torno das vacinas e outras situações envolvendo a COVID. Uma pesquisa da CivicScience revelou que 70% dos usuários do TikTok demonstravam preocupação com a desinformação em torno da pandemia.

E essa não foi a primeira vez que as pessoas demonstraram incômodo com informações falsas e foram levadas a criar uma forma de expor marcas que veiculam conteúdo falacioso. No Brasil, uma versão da americana Sleeping Giants expôs empresas que apoiaram conteúdo duvidoso durante as eleições em 2018.
Já em 2021, nos EUA, a pressão popular levou grandes empresas de tecnologia começaram a ser punidas em virtude da omissão quanto à disseminação de notícias falsas relacionadas à pandemia e à vacina.
Redes sociais x fake news
Em resposta às notícias falaciosas em torno da pandemia divulgadas nas redes sociais, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez acusações pesadas ao Facebook. Em julho deste ano, Biden acusou o Facebook de “matar pessoas” por meio da divulgação de informações inverídicas.
Tanta polêmica em torno do assunto resultou em um projeto de lei que reduziria a “proteção de responsabilidade” da Seção 230. Aprovada nos Estados Unidos em 1996, a lei eximia os serviços interativos na internet, dentre eles, as redes sociais e sites com seções de comentários, da responsabilidade do que é publicado por terceiros.
A lei, que já havia recebido uma emenda, em 2018, para exceções em casos de conteúdo pirateado ou pornográfico, agora também receberá o Health Misinformation Act. Trata-se de mais um projeto, que, desta vez, se aplicaria a uma emergência de saúde pública existente e ao conteúdo amplificado por um algoritmo. Nos casos do Facebook e Twitter, por exemplo, a maioria dos dados entregues ao feed dos usuários chega por meio de seus algoritmos.
Na prática, a implementação do ato será em si um desafio. Afinal, funcionários do governo também terão que determinar se o algoritmo de uma plataforma está agindo de forma “neutra”, o que é praticamente impossível de mensurar.
Seja qual for o desfecho da situação, uma lição não pode ser negada: as empresas precisarão, de alguma forma, se responsabilizar pelo que é divulgado em seus canais ou em seus respectivos nomes. Dessa forma, a fim de evitar crises de reputação ou até mesmo punições mais severas previstas em lei, vale se atentar a estas 4 dicas.
4 boas práticas que minimizam uma crise por veiculação de fake news
Cuide das manchetes e títulos
Ao criar conteúdo para internet, todo mundo quer chamar atenção e ser criativo. Entretanto, mais importante do que isso é ser preciso, especialmente em assuntos que envolvem muita polarização e polêmica. Por isso, evite duplo sentido ou títulos genéricos e procure mostrar, já no título e primeiras linhas, o fato em si ou o posicionamento da sua marca.
Cheque as fontes ao máximo
Inclua estudos, pesquisas e dados de fontes confiáveis. Dessa forma, ao se deparar com dados e informações duvidosas, busque novas fontes ou desmistificações embasadas e comprovadas cientificamente. Para finalizar, procure sempre incluir nota identificando a organização “fonte” das informações.
Monitore as menções à sua marca
Você não pode controlar 100% do que é publicado sobre sua marca, negócio ou produto, especialmente nas redes sociais. Entretanto, monitorar é fundamental. Por isso, acompanhe resenhas, opiniões e dados que mencionem a sua organização. Ao concluir que estão envolvendo seu negócio em fake news, esclareça os fatos por meio dos canais oficiais da empresa. Se o que aconteceu for um conteúdo de veículo de imprensa, entre em contato com o autor e esclareça se algo não foi explicitado ou compreendido como deveria.
Posicione-se
Propósito, missão e valores da marca são elementos fundamentais de branding e devem constar pelo menos no site de seu negócio. Além disso, participe de conversas sobre tópicos oportunos, que sejam capazes de revelar quem é sua organização, bem como sua conexão com o tópico e por que o público deve vê-lo como uma autoridade no assunto. Busque engajar sua audiência e construir uma estratégia de distribuição que aumente sua credibilidade e visibilidade nas diversas plataformas sociais.