Estudo de março de 2020 do Capgemini Research Institute com sete países europeus, além de Índia e EUA, revelou que 42% dos consumidores já mudaram suas preferências de compra com base em impactos sociais, econômicos ou ambientais
Com o crescimento do e-commerce ocasionado especialmente pela pandemia, consumidores e varejistas têm avaliado a sustentabilidade em todo o processo. Preocupações com tempo, custo e materiais tanto para a embalagens das compras digitais quanto para entregas e devoluções encabeçam a lista.
Ultimamente, muito tem sido debatido sobre o papel das marcas em relação ao impacto social e consciência ambiental. Com isso, é cada vez mais comum que os compradores procurem priorizar marcas social e ecologicamente corretas. Assim, os consumidores esperam que marcas e varejistas tornem as embalagens e as entregas mais sustentáveis.

No decorrer da leitura de hoje, vamos falar sobre mudanças que as marcas têm realizado a fim de tornar o processo de entrega mais sustentável. Além disso, vamos oferecer insights para que você aplique práticas mais sustentáveis em seu negócio.
Consumidores se preocupam cada vez mais com valores como sustentabilidade
Em um estudo de março de 2020 do Capgemini Research Institute com sete países europeus, além de Índia e EUA revelou que 42% dos consumidores já mudaram suas preferências de compra com base em impactos sociais, econômicos ou ambientais.
Além disso, 37% dos entrevistados ressaltaram que mudariam suas preferências por mais sustentabilidade. A mesma pesquisa revelou que 64% dos entrevistados se sentiam mais felizes durante as compras sustentáveis e 52% disseram que sentiram uma conexão emocional com um produto ou empresa que era sustentável.
Mesmo com números animadores, vale deixar claro que há um longo caminho pela frente. Na Alemanha, pesquisa da Civey e Bundesverband E-Commerce und Versandhandel (bevh) de dezembro de 2020, revelou que 32,4% dos compradores digitais disseram não estar preparados para fazer qualquer compromisso em favor da sustentabilidade.
O preço costuma ser o principal fator de resistência a mudanças sustentáveis. É inegável que muitos produtos eco-friendly custam mais do que alternativas genéricas. Além do preço, a fidelidade à marca também mantém muitos compradores vinculados a antigos hábitos. Mas uma maior consciência das questões e opções em torno da sustentabilidade está alterando gradualmente essas normas, especialmente entre millennials e jovens da Gen Z.
Indicadores são fundamentais para mapear e transformar
Com a preocupação com assuntos como aquecimento global e seus efeitos, vários manifestos e métricas de sustentabilidade têm surgido. Denre eles, estão os indicadores ESG e os do relatório de sustentabilidade da Global Reporting Initiative (GRI), com abrangência mundial.
O objetivo das diretrizes é apontar informações embasadas a fim de que empresas avaliem oportunidades e riscos a partir dos resultados. Com isso, elas serão capazes de tomar decisões mais certeiras com foco em sustentabilidade.
Uma das empresas que mais têm demonstrado preocupação com esse assunto é a Amazon. Em carta de abril de 2020 direcionada aos acionistas, o então CEO da Amazon, Jeff Bezos, explicou que “os cientistas de sustentabilidade da Amazon… descobriram que fazer compras online consistentemente gera menos carbono do que dirigir até uma loja, já que uma única viagem de van de entrega pode levar aproximadamente 100 viagens de carro de ida e volta fora da estrada, em média.”
Sustentabilidade: preocupação da Amazon
Uma das medidas da Amazon é o programa FBA Grade e Resell. A ideia é que terceiros revendam produtos devolvidos como “usados” na Amazon. O programa já está ativo no Reino Unido e será expandido para os EUA no final de 2021 e Alemanha, França, Itália e Espanha no início de 2022.
O programa surge como alternativa ao desperdício da empresa. Em junho de 2021, um vídeo do canal ITV revelou um conteúdo polêmico envolvendo a Amazon. De acordo com o vídeo, a empresa destruía cerca de 130.000 itens em estoque não-vendido por semana em uma instalação na Escócia. Dentre os itens, estavam MacBooks, tablets, TVs inteligentes e drones, que eram carregados em caixas marcadas como “destruir”.
Na época, o líder do e-commerce foi repreendido por legisladores e defensores da sustentabilidade, com o primeiro-ministro Boris Johnson comentando sobre a seriedade da questão. Em 2019, jornalistas disfarçados na França descobriram que a Amazon destruía pelo menos 3 milhões de produtos em um ano.
Além dessas duas polêmicas envolvendo o desperdício, a Amazon também foi criticada por “greenwashing”. O termo se refere a empresas que tentam persuadir os consumidores de que são ecologicamente correta, mas, na verdade, não têm como comprovar suas atitudes verdadeiramente sustentáveis.
4 passos para incorporar a sustentabilidade em seu negócio
Aprenda sobre o assunto
Os consumidores estão se tornando mais conscientes de esforços de marcas e varejistas que eliminam gradualmente as sacolas plásticas e embalagens em favor de opções ecológicas. Assim, eles são aliados que irão sinalizar o que pode ser melhorado. Além disso, procure conhecer práticas do seu segmento a fim de evitar desperdício, economizar e até reaproveitar.
Repense suas embalagens
Embalagens de tamanho padrão feitas de papelão ou outro produto de papel reforçado são recicláveis, o que é bom. Entretanto, a maioria dos pacotes contém espaços vazios, geralmente preenchidos com material sintético, o que é muito ruim. Produtos frágeis precisam de mais proteção, mas vale procurar investir em embalagens sustentáveis.
Incentive a mudança de pensamento
Descontos são ótimas formas de apresentar novidades à audiência. Pesquisa realizada em junho de 2020 pela Ipsos na Espanha revelou que 41% dos adultos com idades entre 16 e 60 adotariam hábitos de compra sustentáveis se os preços fossem mais baixos. Na Polônia, o resultado foi semelhante: 51% dos usuários da Internet entrevistados pelo BCG e Vogue Polska em janeiro de 2021 disseram que preços mais baixos os incentivariam a comprar roupas sustentáveis.
Use o marketing a favor da sustentabilidade
Os profissionais de marketing são capazes de criar impacto na empresa e mostrar aos clientes as melhorias na sustentabilidade. A Federação Mundial de Anunciantes, em colaboração com o Projeto 17 e a agência de ciência comportamental do Reino Unido Nudge Unit, entrevistou 650 profissionais de marketing em 34 mercados sobre sustentabilidade. O resultado? Mais de 95% dos entrevistados disseram acreditar que o marketing pode fazer a diferença na sustentabilidade e 88% concordaram que os consumidores esperam que as marcas ajudem a melhorar o meio ambiente.