Femtechs: tecnologia a serviço da saúde da mulher deve movimentar US$ 5,8 bi no Brasil

De acordo com estudo da Frost & Sullivan, o mercado potencial de femtech do Brasil está avaliado em cerca de US$ 5,8 bilhões; nos Estados Unidos, estima-se que valor alcance cerca de US $ 9,4 bilhões até 2024, ainda segundo o estudo

A tecnologia foi a grande estrela durante a pandemia. Empresas tech foram responsáveis por facilitar a realização de reuniões e aulas remotas, bem como acelerar o crescimento de pagamentos digitais e serviços delivery. Além disso, as healthtechs se destacaram, especialmente as femtechs, startups de tecnologia voltadas para a saúde da mulher. 

Dentre os perfis de femtechs estão aplicativos de controle de fertilidade, fisioterapia íntima e acompanhamento de gestação e pós-parto. 

Estima-se que a aceleração desse segmento será grande e deverá alcançar US$ 9,4 bilhões até 2024. Em 2019, a receita global do segmento foi de apenas US$ 820 milhões de acordo com dados da PitchBook. Para efeito comparativo, de acordo com o eMarketer, o financiamento digital em saúde em todo o mundo alcançou US$ 14 bi em 2020. 

A seguir, vamos explorar um pouco mais sobre o mercado das femtechs e entender as tendências de crescimento para o segmento.

Femtechs e o cenário de saúde feminina

O termo femtech se refere a “female technology” (ou tecnologia feminina, em tradução livre). Ele foi usado pela primeira vez pela escritora e empreendedora Ida Tin, que fundou o Clue, (aplicativo de monitoramento de menstruação e ovulação) em 2013. 

Vale entender que apesar de representarem metade da população do planeta e consumirem três vezes mais produtos e serviços relacionados à saúde do que os homens, apenas 3% dos investimentos em saúde digital nos EUA desde 2011 são voltados para a saúde feminina, de acordo com a Rock Health. 

Dessa forma, existe uma grande oportunidade e demanda para as startups de tecnologia de saúde reprodutiva preencherem uma lacuna. Entretanto, investidores ainda se sentem desconfiados com as startups que operam no segmento, que ainda é bastante incipiente.

Nos Estados Unidos, a startup de saúde digital D2C, Ro, está adquirindo a empresa de saúde reprodutiva Modern Fertility por mais de US $ 225 milhões, de acordo com o The New York Times. Trata-se de um dos maiores investimentos no espaço da saúde reprodutiva até agora. Esta aquisição ajudará Ro a expandir suas ofertas de saúde reprodutiva e se tornará um dos principais cases do segmento. 

Femtech e pandemia

Com a pandemia e a preocupação com o futuro, novas prioridades levaram muitas mulheres a reprogramar seus planos de gravidez. Segundo dados do Instituto Guttmacher obtidos em uma pesquisa com 2 mil mulheres durante o ano passado, 1 em cada 3 mulheres decidiram adiar os planos de engravidar para a fase pós-pandemia. Dessa forma, surgiram novos produtos e  serviços com a finalidade de apoiar mulheres – grávidas ou não – a manter acompanhamento clínico e remoto de saúde. 

Segundo estudo da Frost & Sullivan, o mercado potencial de femtech do Brasil já está avaliado em cerca de US$ 5,8 bilhões. Mesmo assim, no País há 23 startups focadas na saúde e bem-estar femininos, de acordo com dados do Inside Healthtech Report, divulgados pelo jornal Gazeta do Povo.  

O segmento ainda é dominado por poucos players e estima-se que novas aceleradoras dedicadas às femtechs poderão oferecer muito mais do que serviços de saúde reprodutiva, mas uma combinação valiosa de coaching, networking e muito mais.

4 ações para garantir o crescimento das femtechs nos próximos anos

Entender as necessidades

Quando se fala de saúde da mulher, há quem acredite que se trata apenas de sistema reprodutivo. Embora este seja um importante aspecto da saúde feminina, há outras necessidades, que, inclusive, cruzam com questões estéticas e outros ramos da medicina. Mapear as necessidades para criar produtos e serviços que reúnam esses atributos será um grande diferencial nos próximos anos. 

Explorar tanto o B2C quanto o D2C

De acordo com estimativas da Rock Health, até 2027, a maior porção da demanda virá dos consumidores diretos (B2C). Entretanto, há uma grande possibilidade de fornecimento corporativo de suas tecnologias para hospitais, clínicas de fertilidade, centros de diagnóstico e cirúrgicos, com inovações também do D2C. 

Criar espaço para a personalização

Serviços de tecnologia voltados para a reprodução ganham espaço de atuação para as femtechs, mas o coaching virtual e plataformas de atendimento remoto para oferecer uma experiência personalizada de atendimento também poderão ser personalizadas. Além disso, soluções como depilação a laser e cuidados capilares seguros, simples e acessíveis poderão se destacar no segmento.

Provar o ROI do segmento

Como as startups de tecnologia de saúde reprodutiva ainda estão ganhando força ultimamente, há espaço para crescimento, mas isso vai depender da capacidade de provar o potencial de ROI

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