Após um 2020 difícil com queda nas vendas por causa da pandemia, as marcas de moda puxam a fila da recuperação em todas as categorias, segundo o eMarketer
No auge das medidas restritivas para evitar a propagação do coronavírus, as marcas de vestuário e acessórios viram suas vendas despencarem. Nos Estados Unidos, as vendas totais do e-commerce de varejo de moda caíram US$ 77,56 bilhões em 2020.
Entretanto, depois da tempestade vem a bonança: as vendas online de roupas e acessórios nos EUA devem crescer 28,7% em 2021. O número representa um aumento maior do que qualquer outra categoria neste ano.
Hoje, você entende o que está por trás desses números, o papel do digital na recuperação e como as marcas podem aproveitar as lições que vieram com a crise para se reinventar e atrair mais e mais consumidores.
Varejo de moda x pandemia
Em 2020, a palavra de ordem era isolamento. A fim de conter a propagação do coronavírus, muitos eventos sociais foram cancelados e empresas fecharam as portas para que seus funcionários pudessem trabalhar de casa, de maneira mais segura e produtiva.
A medida, extremamente eficiente para diversos segmentos, não foi assim tão positiva para empresas de varejo de moda: sem que houvesse a necessidade de sair de casa, ao passo que a incerteza também levou o consumidor a se preocupar em economizar, a categoria viu uma queda nas vendas.
Além dos números em declínio nos Estados Unidos, no Brasil a situação também foi semelhante: fábricas e lojas reduziram atividades e demitiram pessoal. O Diário Oficial da União (DOU) incluiu as atividades da indústria da moda entre as 40 mais impactadas pela pandemia.
As marcas que menos sofreram foram as que tiveram muita agilidade no seu processo de adaptação: mudaram o mix de produtos (2020 foi o ano da camiseta, roupa de ginástica, moleton e pijama – Famosa categoria definida pela indústria como Comfy) e migraram suas vendas para os canais digitais. Ambas tendências devem continuar mesmo com a redução das restrições esperadas para os próximos meses.
Com a vacinação e o afrouxamento das medidas de isolamento em 2021, muitos consumidores voltarão a trabalhar presencialmente e/ou a participar de eventos sociais. Como resultado, surge a necessidade de adquirir novas roupas, o que vai impulsionar o crescimento das vendas no comércio eletrônico para vestuário e acessórios.
De acordo com o eMarketer, o crescimento estimado é maior do que o de qualquer outra categoria em 2021. As vendas saltaram para quase 30%; para efeitos comparativos, as vendas de móveis e artigos de decoração vão aumentar cerca de 11%, e as vendas de equipamentos e materiais de escritório vão crescer pouco mais de 9%.

A pandemia redefiniu o varejo de moda
Com a queda nos números do varejo de moda, as marcas puderam desacelerar e o resultado permitiu entender a mudança de hábitos do consumidor. Além da predileção pelo e-commerce, que já é realidade para diversas categorias, a pandemia permitiu que os compradores experimentassem novas marcas e também pudessem repensar suas relações de consumo.
Assim, marcas que apostaram em uma experiência imersiva, com realidade aumentada, por exemplo, puderam manter um maior relacionamento com o consumidor, mesmo no auge da pandemia.
De acordo com pesquisa divulgada após o evento Big Solutions — Customer Experience, quem se comunicou com o cliente de uma forma direta durante a pandemia (especialmente por meio do WhatsApp), teve uma média de 12 contatos por dia por vendedor, 5 contatos por cliente por ano, 84% de relacionamentos comerciais bem sucedidos e uma média de 5,3% de conversão por meio das mensagens. Para muitas empresas que já realizavam essa prática antes da pandemia, as conversões chegaram a 18%.
Além disso, campanhas como #QuemFezMinhasRoupas, promovida pela associação Fashion Revolution, demonstraram preocupação com um consumo mais consciente, visando desde melhors condições de trabalho para costureiras até assuntos mais amplos, como economia circular e impacto ambiental.
Já em relação à preferência dos consumidores da Geração Z (ou Gen Z), marcas que demonstrem maior diversidade e versatilidade também foram destaque, como o caso da chinesa Shein.
4 mudanças fundamentais para o varejo de moda
1. Preocupe-se com sustentabilidade
Moda e consumo consciente nunca estiveram tão relacionados. As gerações mais jovens estão cada vez mais preocupadas com assuntos ESG e valorizam marcas que compartilham da mesma prioridade em seu discurso. Por isso, invista na transparência da produção no seu negócio de moda, demonstre boas práticas e fale diretamente para uma audiência cada vez mais consciente.
2. Saiba usar influenciadores
Moda está relacionada com desejo, com gerar demanda. No mundo atual ninguém faz isso de forma mais rápida e efetiva do que os influenciadores (COLOCAR LINK) nas redes sociais
3. Invista no e-commerce (além do Whatsapp)
Marketplaces de moda são importantes, mas se sua marca tiver o próprio e-commerce, o cliente é dela, não dos parceiros. Dessa forma, é possível coletar dados e entender melhor a audiência, o que permite criar diretamente para ela.
4. Reinvente-se constantemente (ouvindo o público)
O Social Listening, as redes sociais, as pesquisas e as enquetes são fundamentais para entender um público cujas prioridades, preferências e até tom de voz estão em constante transformação.