Clubhouse e a febre do social audio

Até março de 2021, o aplicativo ultrapassava os 12 milhões de downloads globalmente e ganha novo impulso com a versão para Android

Com o distanciamento social, plataformas estão sendo usadas como aliadas para driblar a solidão e aproximar amigos e familiares. E um dos formatos que encurtam distâncias é o social audio, cujo representante mais conhecido é o Clubhouse.

Como o formato de videoconferência está muito associado a reuniões de trabalho, a reunião criada apenas por áudio é muito bem-vinda para quem deseja evitar a câmera ou focar apenas no assunto, enquanto “descansa os olhos” de qualquer informação.

A popularidade da plataforma é tanta que, na China, convites para ingressar no Clubhouse estavam sendo vendidos pela internet a cerca de U$ 72. Além disso, de acordo com dados do eMarketer, a plataforma contabiliza cerca de 12 milhões de downloads globalmente (número que deve aumentar, especialmente após o lançamento do app também para dispositivos com sistema operacional Android).

Hoje o tópico é o Clubhouse, suas particularidades, seus diferenciais, motivos para ficar atento ao formato e dicas para extrair o que há de melhor da plataforma para seus negócios.

Diferenciais do Clubhouse

Quando se fala em Clubhouse, é impossível não traçar paralelos entre os rádios digitais e o podcast, afinal, essas plataformas também são exclusivas de áudio.

Entretanto, o principal diferencial da plataforma é que, nela, o áudio é completamente ao vivo, ou seja, uma vez encerrado, o conteúdo não é disponibilizado online posteriormente. Toda a troca de informações e experiências acontece exclusivamente ali, em tempo real.

Vale ressaltar, no entanto, que essa é uma característica do aplicativo em questão, não um padrão para todos os aplicativos de áudio social.

Além disso, a criação de salas em que é possível participar como ouvinte de discussões sobre assuntos desejados é outro diferencial. Também é possível pedir a palavra para o anfitrião da sala, que pode passar a palavra a quem solicitou. Dessa forma, a plataforma acaba abrindo espaço para o diálogo, ainda que com mais organização que em outros formatos. E nesse contexto, é preciso conhecer as regras de etiqueta do Clubhouse.

Dinâmicas dos aplicativos de Social Audio

Com o aumento da relevância do áudio em plataformas sociais, várias redes pretendem lançar suas próprias versões de áudio social. Uma delas é o Twitter, que liberou o Spaces em março de 2021, após vários meses de testes beta. Além dele, o LinkedIn, o Discord e até o Facebook e Instagram também estão começando a cogitar o áudio social.

O  Spotify também já lançou seu Locker Room, mencionado como concorrente direto do Clubhouse ao disponibilizar também áudios ao vivo em salas privadas.

Mesmo assim, talvez o sucesso do Clubhouse tenha a ver com a vantagem distinta na construção da plataforma. Especialistas ressaltam que ela foi construída não de cima para baixo, mas por usuários que estão inovando em novas formas de se conectar, assim como o Twitter em seus primeiros dias e o TikTok, com linguagem e cultura próprias.

Um pouco sobre o Clubhouse no Brasil

O Brasil é tido como um campo de testes para novos recursos em redes sociais, o que cria uma oportunidade de crescimento para o Clubhouse. Só para efeitos de comparação, o Instagram lançou o recurso de vídeo Reels em 2019 no país, e o TikTok também saiu na frente entre os brasileiros quando a plataforma direcionou esforços para o país: dos quase 2 milhões de usuários julho de 2019, chegou a quase 40 milhões em julho de 2020, de acordo com a Comscore Media Metrix.

Em relação ao Clubhouse, há perspectivas de crescimento semelhantes. De acordo com dados do Toluna, divulgados pelo eMarketer, em fevereiro de 2021, cerca de 19.4% dos internautas brasileiros já conheciam a plataforma Clubhouse e 29.4% já tinham ouvido falar sobre o assunto. 

Como se trata de uma novidade, o Clubhouse ainda não é amplamente utilizado no Brasil. Apenas 4,0% dos entrevistados da Toluna disseram que o usaram, em comparação com 92,0% que estavam no WhatsApp, 89,9% no Facebook e 81,7% no Instagram. Assim, quem aproveitar o momento para investir na plataforma pode se destacar e sair na frente da concorrência.

Marcas no Clubhouse

Pelas características mencionadas acima, é possível ter uma ideia de que uma marca no Clubhouse precisa ampliar seu discurso a fim de oferecer conteúdo de valor e não comerciais ao seu público.

Vale lembrar também que, hoje, o Clubhouse não aceita publicidade e ainda não compartilhou um plano sólido de monetização.

Assim, ao menos por enquanto, ele figura como uma oportunidade para reforçar os valores da marca e se aproximar de seus clientes ou usuários, vale usar a plataforma para abordar temas de interesse, como liderança inovadora, bate papo com influenciadores e até aproveitar para exercitar o Social Listening, a fim de entender as expectativas e preferências do seu público.

Vale lembrar que esse é o momento de experimentar com cautela e entender o que funciona melhor para quem consome seu conteúdo.

4 dicas para se destacar no Clubhouse e em outros aplicativos de social audio

Crie frequência

Frequência de eventos no Clubhouse são sempre bem-vindos, uma vez que os usuários poderão acompanhar e saber o que esperar daquele canal.

Escolha bem os speakers

Conecte suua audiência a quem possa ser uma espécie de “voz da marca”. Além disso, é fundamental focar na humanização da marca e entender o que seu público espera, deseja, sente.

Promova seu canal

Não pense, necessariamente, em beneficiar sua marca, mas em como o seu canal pode beneficiar os seus usuários e o que aquele conteúdo pode melhorar a vida deles.

Engaje a audiência

Conhecer sua audiência sempre será o melhor caminho para chegar a ela de uma forma natural e orgânica. Foque no aprendizado e nas oportunidades para ter insights, meça os resultados por meio de métricas de awareness e ajuste a rota para melhorar o engajamento.

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